sábado, 26 de abril de 2008

Lo unico a gustar de Portugal?


“'El Solitario' pede para regressar já a Portugal numa carta enviada à sua advogada portuguesa”, in DN, 26/04/08

Cara advogada

Estoy escrebiendo esta cartita para dizer-te que estoy fartito de Espianhia e morriendo de saudades de Portugal. Es una pena que los portugueses no compreendan todas las cositas buenas que tienen en su precioso pays.
Por empeçar, echo de menos las estaciones de serviço, donde la gasolina es carita si, pero es muy agreable parar, tomar una bica, comer un rissolito y seguir assaltando personas incautas.
Lo cinema tambien es fantastico en Portugal. No lo cinema portugues, claro, pero lo americano si. Estoy enamorado por la voz grave e lo accent de patatas quientes de Sean Connery. Ayer pensava que lo Sean havia nascido en Andalusia, pero no.
Tambien echo de menos los grandes armazens de la rua António Augusto Aguiar en Lisboa, su supermercado, sus empanadas, sus trapitos, sua selection musical con Enrique Iglésias, pan pipes, canto gregoriano y outros tanto artistas marabilhosos.
Despues, las personas hablan mui de espacito, es mas facil comprender y assaltar un portugues, preferivelmente alentejano, que un espanol hablador y nerbosito.
Tambien me gusta lo Sócrates mehor que lo Zapatero. És muy charmoso con su look grisalho e muy modierno con su mania de lo jogging. Y habla espanhiol tan bien como yo!
Y la guarda, si no estibermos hablando de la EMEL, es mui simpatica e amigabel.
Quiero regressar.

Jaime Giménez Arbe, aka El Solitário

terça-feira, 22 de abril de 2008

Dentro do mal, há pior

“Joe Berardo quer falar com Vieira sobre desgraças”
in DN, 15/04/08

- Tou, Luís Filipe?
- Sim
- É o Joe.
- Ah, Joe, então tudo bem?
- Tudo bem? Achas que está tudo bem?
- Não, eu sei que não... É uma expressão.
- Tá tudo uma desgraça. E era precisamente sobre desgraças que eu te queria falar.
- Ah... pois, isto da violência no Tibete é um atentado contra os direitos humanos e a comunidade internacional devia fazer alguma coisa. Eu já assinei a petição na net...
- Ó Luís Filipe, tás parvo ou quê? Com a nossa desgraça aqui tão perto e tu falas-me no Tibete...?
- Ah... estás a falar do desemprego e da economia nacionais... pois, eu bem digo aos meus filhos para pouparem, nunca se sabe o dia de amanhã, as taxas de juro estão sempre a aumentar e os bancos querem é sacar o deles...
- Olha lá, mas tu não percebes que a desgraça começa em casa. Em casa, pá!
- Ahhh, deves estar a falar do caso Esmeralda. Coitadinha da miuda, anda ali, vai não vai, com os pais que a acolheram de um lado e os pais biológicos do outro. Isto não pode fazer bem a uma criança...
- Ó homem, mas tu caiste e bateste com a cabeça, ou quê? Tu sabes quem és? Como te chamas?
- Luís Filipe. Aaaaaaaahhhh, estás a falar do PSD, da demissão do gajo de Gaia e da crise instalada. Olha, a Ferreira Leite já avançou. Sinceramente pá, eu acho que pior não pode ficar...
- Olha, eu também não!
- Tou, Joe? Joe?
Olha..., desligou.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Eu confio nos Centros de Inspecção

“Porque ninguém melhor do que nós lhe oferece a garantia de confiança absoluta, pomos ao seu dispor toda a comodidade e conveniência, para que fique tranquilo quanto à inspecção do seu veículo.” In postal do Centro de Inspecção Automóvel

Homens a ler o jornal, a fumar cigarros, a discutir a bola, a limpar os carros, a colocar água ou óleo nos devidos compartimentos e a fazerem outras tarefas de homem, enquanto esperam pela indicação da matrícula do seu veículo automóvel no placard electrónico. Lá dentro, motores a um nível apreciável de rotações, escapes a esfumaçar, vozes graves que gritam, chiar de travões, carros a chocalhar.
O Centro de Inspecções é capaz de ser o que muito boa gente amante de carros, velocidade e barulho, considera o céu. Para muita alma que aí anda a coisa deveria ser mais ou menos assim. O pessoal morria e seguia de carro para o Centro de Inspecções de Almas e Automóveis. Num grande pavilhão cheio de aparelhómetros estranhos, São Pedro, o Diabo e ocasionalmente Jesus, de bata de mecânico com um logo dos anos 70 nas costas, submeteriam os veículos das mais variadas cilidradas e os espíritos das mais variadas experiências aos mais completos testes. Frenómetro para o primeiro, pecadómetro para o segundo, teste às luzes do primeiro, exame às tentações do segundo, e por aí fora... No final, Pedro, de esferográfica na santa orelha, aproximar-se-ía e diria qualquer coisa como “O seu veículo está ok, só precisa de substituir as escovas do limpa pára-brisas. Já a sua alma está a libertar gases nocivos superiores ao aceitável e precisa urgentemente de um jogo novo de boas acções. Tem 15 dias para tratar disso, volte cá depois para ver se está tudo bem.” E no entretanto veículo e alma andariam para ali numa estrada nacional 1, o equivalente a um purgatório, até conquistarem o direito ao selo de aprovado...
Para mim, que não sou amante de carros, velocidade ou barulho, o Centro de Inspecções é um sítio curioso, onde se registam das maiores concentrações de testosterona por m2. Quando uma mulher por ali passa, corre sérios riscos de sair grávida ou camionista. Resta-me esperar uns dias para ver se me nasce, sob os pés, um camião TIR com luzes de natal e um poster da Samantha Fox, ou se dá positivo o teste da Predictor.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Orgulho e Preconceito

"Nunca me considerei racista. Não tenho qualquer ódio primário à raça negra, mas tenho orgulho em ser branco", assegurou hoje Mário Machado, ouvido no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, onde responde com 35 outros arguidos por acusações de crimes de discriminação racial, posse ilegal de armas, distribuição de propaganda nazi, entre outros delitos. in Público, 09/04/08

Na saudosa série Rua Sésamo havia muitas coisas curiosas. Havia uma Alexandra Lencastre novíssima, um Vítor Norte carpinteiro, um monstro das bolachas comilão, um conde drácula que carregava nos r’s, um joão esquecido que chagava a molécula à amiga, um egas e um becas que estavam sempre a discutir, um popas chato como a potassa, and so on, and so on...
Havia também uma vaca que cantava ter orgulho em ser isso mesmo, uma vaca. Não uma vaca leiteira. Não uma vaca charolesa. Não barrosã. Não uma vaca suiça. Não uma vaca açoriana. Uma vaca, apenas. Para que os humanos ponham os olhos nesta lição bovina de afirmação, dignidade, paz e tolerância, aqui fica.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Se era pra isto, não me convidavam


“Catorze membros de uma seita ortodoxa russa entrincheirados há 5 meses num abrigo subterrâneo, à espera do fim do mundo, abandonaram o refúgio, onde estão outros 14”
in Global, 02/04/08

Ó Kuznetsov, então nunca mais?! O fim dos tempos tá próximo, isto é coisa pra três 15 dias, no máximo, dizias tu, e vai-se a ver já lá vai quase meio ano... Achas bem? Temos a vida toda empatada por tua causa! Os miúdos já perderam o ano e a Axana que tinha um trabalho tão jeitoso e o patrão nem era mau... Agora o mundo não acabando, com esta crise quero ver quem nos arranja trabalho. Já devo ter o banco à perna por causa do atraso nas prestações. E está quase a terminar a primeira fase de entrega do IRS. Cá pra mim ainda vou ter de pagar multa... Saíste-me melhor que a encomenda, ó profeta da tanga! Ainda por cima estamos praqui fechados num buraco sem tv cabo, ó o caraças! Não sei quanto tempo mais consigo ver a Tertúlie Cor de Rosev e as Tardevs da Júlia. E batatas fritas como eu em casa!