sexta-feira, 23 de maio de 2008

Esse Cubano do Contenent


«Cristóvão Colombo era português, e de Cuba?»
In Público, 23/05/08

Cristóvão vestia de preto e tinha bigode, como os irmãos Vitorino e Janita, e conduzia habitualmente uma Zundap. Deixou Portugal por causa de Mercedes, uma jovem de Badajoz, terra onde os caramelos também eram bons e o petroil mai barato. Tirou o curso de navegador em regime pós-laboral, enquanto trabalhava numa taberna de tapas. Conheceu os reis católicos no baptizado de uma prima e, entre a canjinha e a paella, com ajuda de uns copos de cidra, lá os convenceu a financiarem o seu projecto de chegar às índias por ocidente. Sabe-se que não zarpou enquanto a embarcação não foi toda caiadinha e levou uma risca azul marinho em redor do convés. Os diários de bordo, para além de indicarem “Açorda”, “Queijo de Niza” e “Porco preto” como habituais no menu, têm passagens que confirmam a nacionalidade portuguesa. “Vamos andando, quando mal nunca pior” e “Haja saudinha” podem ler-se 58 e 67 vezes respectivamente. É sabido também que, na sua paragem na ilha da Madeira, Cristóvão conheceu uma personagem bizarra de nome Alberto, com estranho sotaque, barriga proeminente e boca descarada, que terá baptizado o capitão com epiteto que, também ele, corrobora a tese da portugalidade.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Das estrelas pra onde eu regresso


«Astronáutica atrai muitos portugueses»
In Global, 16/05/08

Não me surpreende. Os portugueses são, no fundo, astronautas. De terra, como as hospedeiras pobrezinhas, mas astronautas. Por estarem habituados a ficar a ver estrelas cada vez que põem gasolina, os portugueses estão mais que habilitado a praticar a Astronáutica.
Mas depois há personalidades, que pelas suas características naturais ou actividades diárias, ganham vantagem na provas de selecção e garantem um melhor desempenho da função de navegadores dos astros. Eis alguns nomes com fortes possibilidades de integrarem o contingente português da Agência Espacial Europeia.
Por estar no mundo da lua quando previu que a economia portuguesa crescesse 2,2 % este ano (e ter sido agora obrigado a rever o número para 1,5%), o ministro das finanças Teixeira dos Santos afigura-se como sério candidato a dar pinotes e cambalhotas no ar, em câmara lenta como na tv.
Por estar com a cabeça (e o corpo) no ar ao fumar os seus cigarritos num voo onde o mesmo é proibido em virtude de uma lei criada pelo seu governo, Sócras está também bem lançado para fazer jogging extra-terrestre.
Por ser ele próprio verde e pequenino, e gerar empatia com o nativo de Marte, João Moutinho tem também fortes hipóteses de ser convocado.
E por fim, por realmente não parecer deste mundo, ter aplicado o rock sinfónico a uma viagem sideral, ter vestido o casaco mais espacial da história do festival RTP da canção e se afirmar como natural das estrelas, José Cid, está, com toda a justiça, na pole-position dos astronautas tugas.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Para a próxima já sei

«Mário Machado diz estar arrependido de alguns actos»
In Diário Digital, 13/05/08

Estou arrependido de ter comprado carcaças. Para o próxima compro pão de mistura, que é mais saudável.
Estou arrependido de ter comido feijoada ao almoço. Já devia ter aprendido...
Estou arrependido de tomar 3 cafés por dia. Eu sou uma pessoa calma, é a cafeína que me põe assim.
Estou arrependido de não ter adquirido aquele tubo de escape portentoso e o fantástico subwoofer. Estavam a um preço tão jeitoso....
Estou arrependido deste penteado. Pensava que vinha aí o Verão e afinal ainda faz uma aragem.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Pobres dos ricos



«Partido sem dinheiro para pagar multa do processo Somage
Bancos não dão crédito ao PSD e situação é “muito delicada”»
In Público, 04/05/08

Podem fazer como muitos portugueses – e nesse sentido sentir o país real e as necessidades e problemas do eleitorado – e contrair um daqueles créditos para pagar os outros créditos, a taxas de juro pequeninas pequeninas, simples e rápido, tipo “ligue já e já está, ninguém quer saber se foi ministra das finanças e não consertou o déficit, se foi PM sem saber como nem porquê, ou se foi jovem até aos 40”.
Também podem arranjar part-times. A ex-ministra na Loja das Sopas, o ex-PM como hospedeira na FIL e o ex-jovem como motoqueiro entregador de pizza, por exemplo.
Podem jogar na raspadinha ou no euromilhões. Ou ir à televisão.
A ex-ministra das finanças, que também é ex-ministra da educação, podia ir à RTP pedir ajuda aos petizes nos problemas de aritmética, para inevitalmente concluir em close-up, envergonhada: “Eu não sei mais que um miúdo de 10 anos”.
O ex-PM, que sabe da comunicação e do contacto com as massas, pode ir ao programa da tarde da TVI, onde com a sua voz aguda de sirene dos bombeiros, Júlia Pinheiro anunciaria ao país: “Srs telespectadores, esta tarde temos aqui uma história sofrida, um caso de heroísmo, um exemplo de vida. Uma salva de palmas, por favor, para o menino guerreiro”. Solidários e de lágrima ao canto do olho, donas de casa, reformados e até alguns desempregados deprimidos, contribuiríam com alguns euros da sua pensão ou subsídio, para o NIB do menino, que passaria em rodapé.
E o ex-Jota, da quase-juventude dos seus 44 anos, podia candidatar-se ao próximo casting dos Morangos com Açúcar ou da próxima novela produzida pela Teresa Guilherme para a SIC. Com o seu ar teenager e a sua postura irreverente, facilmente daria um bad boy do colégio dos navegantes “Para mim tanto me faaaaaaaaaaz, que digas coisas boas ou coisas mááááááás” ou uma cantante babysitter em busca do seu príncipe “Não tenho nada, mais tenho tenho tudo, sou rica em sonhos e pobre pobre em ouro. Mas não me importa pois só por ter dinheiro, não compro amigos, estrelas, o amor verdadeirooooooooooo!”.
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sexta-feira, 2 de maio de 2008

Presidente, administrador e dono


«“Eu fazia tudo o que ele mandava”, afirmou José Faria, antigo colaborador de Ferreira Torres.» In DN, 01/05/08

- Zé, apetecia-me algo.
- O quê senhor?
- Não sei, o que eu queria era algo... bom...
- Tomei a liberdade de pensar nisso.
- Oh Zé, um bombom amaricado com pratinha dourada?! Não, nada disso. O que eu quero é uma pinhoada!
- Uma pinhoada, senhor? Eu já nem sei onde isso se vende...
- Uma pinhoada, pois. Vai aos cafés, às feiras, às vendedoras de rua, mas traz-me uma pinhoada!

- Zé, apetecia-me algo.
- Tomei a liberdade de pensar nisso.
- Uma pinhoada? Não, hoje não quero disso. É duro, pega-se aos dentes, dá-me cabo da placa... Hoje apetecia-me ver assim um show musical, assim uma coisa em play back, com maquilhagem excessiva e plumas...
- Mas onde é que eu vou arranjar isso assim de repente?
- Não sei, procura. É pra isso que te pago!

- Zé, apetecia-me algo.
- Tomei a liberdade de pensar nisso.
- A Belle Dominic?! Não, Zé, não é nada disso! Estava a pensar mais uma coisa do género comprar barato e vender caro.
- Tou tramado...
- Ai ai ai ai, não me queres ver irritado, pois não?