segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Bamos ao Shopping?

“A intenção da Câmara do Porto de concessionar, por 50 anos, o Mercado do Bolhão aos holandeses da TramCroNe (TCN) instalou a polémica entre comerciantes e associações cívicas que tentam interpor uma providência cautelar para impedir o início das obras. Mas se estas contestam, categoricamente, a proposta aprovada pelo executivo de Rui Rio, os comerciantes estão divididos. Uns apoiam a transformação radical do interior do imóvel, defendendo uma espécie de centro comercial onde coabite o mercado tradicional, outros recusam tal intenção.”
in DN, 25-02-08

Para que, pelo menos o espírito se mantenha, são necessárias algumas salvaguardas. Primeiro, a toponímia do centro comercial deve submeter-se à temática “espécies de peixe”. Rua da Faneca, Praça Peixe Espada Preto, Alameda do Besugo são algumas boas hipóteses. Segundo, a abordagem comercial, com o uso do pregão e do vernáculo habituais, deve ser mantida independentemente da marca ou do produto em causa. “Ó freguesa, olhe pra este Big Mac, que categoria! Não encontra mais fresquinho!” e “Olhá cigana da Rituals! Vá lá ver, é tudo a cinco aéreos!” constam do manual de acolhimento e constituem um exemplo a seguir. Terceiro, uma vez por dia passa nos altifalantes do espaço a marcha do FCP, momento que assinala uma happy hour de frutas e legumes, com especial destaque para secção da exótica “fruta para dormir”. Quarto e último, a música ambiente deve ser constituída pelos grandes nomes da canção popular, cujos temas convidam à compra, à dança e à rambóia. Quim Barreiros, Emanuel, Toy e Tony Carreira são grandes clássicos com presença assegurada na playlist. Mas para encantar a audiência versátil e melómana, nomes como os Moloko também vão constar.

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